19.11.13

Rabiscos: A vida do dia


Resolvi viajar, mas não viajar pra algum lugar longe, pra algum lugar caro e perfeito, mas pra um lugar no qual só eu posso ir. 
Resolvi viajar dentro de mim.
Resolvi rever a minha vida, desde que me conheço por gente e desde que aprendi a controlar as minhas ações. 
Penso como a vida de criança é fácil, naquela idade nada é impossível e tudo é permitido, a única coisa que te importa é viver o agora, com o sol batendo na cara e a risada estampada.
Ainda estou viajando dentro de mim e me vejo em um lugar sutilmente mais escuro, quase nem da pra perceber. Aquela idade em que você quer ser grande, mas não tem noção do quão pequeno ainda é. Falam pra você aproveitar, falam que você só vive uma vez, riem das bobagens que você faz, das piadas bestas que você conta, você se sente cada vez mais e mais amado.
Viajo, e o céu de novo fica um tom mais escuro, a idade em que você já se acha grande, já adquiriu algumas responsabilidades mais sérias e que o mundo parece um lugar bem maior do que era antes. Não existe só mais o seu mundo, existe o mundo dos outros, os mundos que agora são mais difíceis para interagir, os mundos que te afastam bruscamente, e outros que só querem abraçar o seu.
O céu toma tom de começo de tarde, a viajem continua. A idade na qual as responsabilidades caem sobre você, uma atrás da outra. Você tenta segurar uma, mais você vê uma mais frágil caindo, então tenta com todos os seus esforços segurar as duas. Elas continuam caindo, te avisam "a chuva vai piorar com o passar dos anos", você entra em desespero, mas é a vida, e você sabe que não pode sair correndo dela.
O céu ainda aparenta a tarde, a idade em que mostram todas as opções para você. Mostram o seu futuro em nomes, profissão, família, dinheiro. O desespero das responsabilidades continua crescendo cada vez mais, igual a chuva delas, você já se acostumou, mas mesmo assim tem vezes em que a sua garganta fecha e você só quer voltar, voltar pro começo da manhã, o começo da vida.
Voltar para onde tudo era mais fácil e aonde nada caia.
Me sento naquela hora do dia, penso em tudo que vivi, todas as lágrimas que já derramei e todos os sorrisos que já abri. Vejo os sacrifícios que fiz para chegar aqui, as chuvas de responsabilidades que enfrentei, as tempestades torrenciais também. Mas também aqueles dias de sol, em que nada cai sobre mim, os dias perfeitos.
A viajem não acabou, não ainda. Paro e começo a traçar meu destino a partir dali, na verdade traço vários deles.
Posso escolher o pior e ter que voltar, não acho que será um problema, afinal, aprendemos com nossos erros. Mas posso escolher o certo, o que vai me levar pra uma infinidade de dias de sol.

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Gabriela é paulistana, tem 17 anos e é uma libriana ao pé da letra. É viciada em tecnologia - está sempre conectada- e sonha em trabalhar com jornalismo de moda. É extremamente curiosa, gosta sempre de descobrir coisas novas. É uma blogueira de primeira viagem. "Tenho em mim todos os sonhos do mundo".

 
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